não guardar o livro é também amar o livro

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uma vez tive um pensamento polêmico.

por que guardamos livros?

por que eles ficam em nossas estantes?

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cada um pode ter sua resposta: memória afetiva, fonte de pesquisa, decoração, apenas por não saber o que fazer com eles. e todas as respostas são válidas e valiosas.

eu tive também a minha resposta: apego.

e coloquei em minha lista de atitudes minimalistas desapegar dos meus livros, pelo menos da maior parte deles. e assim venho fazendo ao longo dos anos.

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inicialmente, uma forma que criei para conseguir foi fazer sorteios para meus alunos em sala de aula. durante um tempo, quando eu dava aula num cursinho na Av. Paulista, em São Paulo, eu escolhia um livro antes de sair de casa e contava a história do livro na aula. e depois sorteava. era muito legal e gratificante saber que aquele livro – outrora aprisionado numa estante – iria ganhar a chance de ser lido, afinal.

depois, comecei a “esquecer” exemplares no metrô, sempre com uma dedicatória explicando o porquê daquele livro estar ali e pedindo para que a nova pessoa fizesse o mesmo depois de ler.

e assim, cinco ou seis anos depois, eu acabei com minha biblioteca. e isso me tirou um peso.

desde então, continuo lendo livros físicos (tenho um kindle também, prometo escrever sobre isso um dia) mas, após acabar a leitura, sempre ofereço o livro a alguém – ou troco por outro – e peço para a pessoa passe o livro para frente.

e o livro segue a vida.

há alguns meses, ganhei um exemplar de uma obra clássica da literatura libanesa e, ao final, e como sempre faço agora, deixei uma dedicatória e libertei o livro.

hoje, fui tomar um café numa cafeteria que frequento e a atendente falou “chegou para mim um livro com uma dedicatória sua, Luiz”. e era ele, o livro. ela então me disse que iria fazer a leitura e depois presentear alguém, como eu pedia na dedicatória.

o livro segue vivo e sem uma prisão.

olha, não quero ser contra a gente ter livros em casa, longe disso, mas preciso defender aqui (mais uma forma de) desapegar dos objetos, um hábito saudável para que tenhamos uma vida materialmente de mais propósito e clareza sobre o que realmente importa.

o minimalismo não trata de ter ou não ter, trata de como ter, do que ter e de como agir, ou de como tentar agir, e de uma evolução pessoal e coletiva permanente.